Casarões da Rua Ibituruna
Hoje fiquei em casa de manhã estudando, sentado no computador até ficar com a bunda quadrada. Não fiz almoço, desci para almoçar na birosca ao lado de casa e a comida encheu-me de energia! A comida deste boteco é boa. Lembro-me do dia da minha mudança para cá. Dia de mudança é sempre um dia cansativo e neste primeiro dia eu almocei nele, casa completamente zoneada, não tinha como preparar comida. Na época eram “2 carnes=14 reais”. Vocês sabem como isso funciona né? Você pode encher o prato o quanto quiser, mas tem o limite de colocar 2 pedaços da carne que estiver sendo servida. Nunca vi ninguém contar… e a peãozada aqui da região faz pratos que são verdadeiras obras de arte de tamanho e equilíbrio. Neste primeiro dia eu caprichei no meu prato, eu estava faminto, mas o dono do boteco ficou com pena de me cobrar as 14 pratas, achou muito pouco e só me cobrou 9 reais. Gente boa, hoje é meu amigo. Aumentou para 18 reais 2 carnes e é uma injeção de energia.
Tanto que sentindo-me revitalizado, deu-me o impulso de sair por aí olhando a cidade. Fui e voltei pela Rua Ibituruna, que vai da Mariz e Barros até a Casa do Chalaça.
Em mais uma aulinha de Tupi-Guarani, Ibituruna significa Serra Negra.
Já foi uma área muito nobre da cidade, pois era colada na Imperial Quinta da Boa Vista. O atual Palacete Laguna era dentro das terras da quinta, hoje não é mais. Devia ser chique morar lá e por isso temos estes resquícios por ali.
Logo na entrada eu vi a bonita casa número 20 abandonada… que dó! Sua última ocupação me parece que foi um abrigo para idosos, mas agora está acabando, completamente abandonada e a venda por R$ 6.000.000,00, seis milhões de reais.
No número 53 temos o Abrigo Teresa de Jesus, “Fundado em 1º de janeiro de 1919, com a finalidade de amparar a infância desvalida”. Muito interessante a sua história e saibam mais clicando aqui.
Mais para frente, no número 81, do outro lado da rua, estão as ruínas de um incrível palacete construído por um comerciante português no final do século XIX. Em estilo neogótico, tinha sido reformado em 1976 para abrigar os escritórios da Companhia Internacional de Seguros. Segundo minhas pesquisas, foi reformada em 1976 por Alcides Rocha Miranda para este fim.
Devia ser linda, mas em 2017 pegou fogo.
É um bem tombado, com a data do tombamento definitivo de 06/09/1990, Número do processo: E-18/300.321/87. Em 1987 rolou o tombamento provisório.
As paredes externas estão de pé, mas todo o telhado foi embora com o fogo, imperdoável. Não sei como um casarão abandonado pega fogo se nem tem energia. Penso logo em fogo criminoso para vender o terreno para construir um prédio.
Logo em frente tem a Universidade Veiga de Almeida, que tem um prédio bacana também, uma igreja logo na entrada. Fechada, acho que não funciona mais como igreja, mas é um prédio bonito.
Dali voltei prá casa, pela rua da feira. Um passeio rápido mas que rendeu boas fotos, acho eu. Faça isso você também, ande por aí olhando a cidade, procurando coisas legais. Tenho certeza que você vai achar. Contribua!!!!!
2 Comentários
Adolfo Rosenthal
Muito bom te acompanhar nestes teus passeios no “Olhando a Cidade”. Não é apenas um olhar apreciador das belezas e encantos da cidade, mas ao trazer a história de cada lugar, o olhar se torna investigativo. Parabéns!
Lúcio Brandão
Parabéns, seus textos são muito envolventes. Ao ler, viajamos com você.