
Praia do Caju!
Ah amigos… difícil imaginar que o bairro do Caju já teve uma praia linda e limpa, bem como outros bairros que hoje encontram-se tão afastados do mar. Como, por exemplo, colocar na mesma frase as palavras Praia e Inhaúma? Pois é, mas a Baía da Guanabara tinha praias em quase toda a sua extensão. Uma delas, bem pertinho, era a Praia do Caju.

Toda a região onde hoje fica o bairro do Caju foi propriedade do rico comerciante português José Gouveia Freire.
O Caju era de muitas belezas naturais.
“Era uma região belíssima, de praias com areias branquinhas e água cristalina, onde não era rara a visão do fundo da Baía, tendo como habitantes comuns os camarões, cavalos-marinhos, sardinhas, e até mesmo baleias”, escreveu o cronista C. J. Dunlop.

Com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, o Caju, que antes era extremamente rural, passou por um processo de urbanização. Boa parte dos 18 mil portugueses (a maioria deles nobres) que chegaram com a Corte ao Brasil se abrigaram no atual bairro.
Dom João VI nos trás o assunto até os dias de hoje, pois lá está até hoje a Chácara Imperial Quinta do Caju, nome pomposo para uma antiga chácara, de propriedade do negociante de café Antonio Tavares Guerra. Um médico recomendou a água salgada da praia do Caju para ajudar na cicatrização de feridas causadas por mordidas de carrapato que D. João VI adquiriu na Fazenda Santa Cruz.
“Dom João criou moda. A região tornou-se a primeira área de banho de mar do Rio de Janeiro. Toda a Família Real, ao longos dos anos, passou a se banhar na extinta Praia do Caju”, destaca o pesquisador Luciano Vieira
Dom João não curtia se jogar no mar, tinha muito medo de peixes e moluscos, de modo que entrava no mar dentro de uma espécie de banheira, com furos para a entrada de água. Curou-se!
Bem mais tarde, já em 1910, a prática do vôlei nas areias das praias brasileiras começou na Praia do Caju. O esporte era praticado por jovens remadores do Club Atlhético Cajuense e por militares do Exército Brasileiro, quem diria.

Hoje o local é um lixo só. Estive lá após sair do cemitério, instigado por um papo com o meu amigo Marcio Ehrlich, e o estado é lastimável em sua totalidade. Um Museu da Comlurb, que devia estar funcionando no local, está abandonado, e o que mais existe é sujeira, desolação e imundices. Uma pena, eu ouço falar desta Casa de Banhos de D. João VI desde criança e apesar dos períodos de recuperação e abandono que a região vive, parece que nunca mais nada ali irá florescer, é fundos dos fundos do Porto do Rio de Janeiro, já era. Uma pena.


4 Comentários
Rosa Amaral
Infelizmente, nossa cidade tem sido deteriorada pelo povo e políticos gananciosos.
Graças a você, primo, estamos resgatando a memória desses lugares tão esquecidos com suas fotos e resenhas.
Aguardando a próxima.
Adriana
dá uma pena ver tanta história perdida, né?! Que 2021 existam mais olhares curiosos, atentos e queridos como o seu por aí!!!
Paulinho
Grande Mário Barreto! Feliz 2021.
Obrigado por mais esta matéria espetacular.
Abração.
Maria Inês Barreto da Costa
Sempre quis conhecer a praia do Caju e a casa de banho de D. João, mas o local é quase inacessível. Obrigada por ter ido lá para nos mostrar. É uma pena que essa parte de nossa história esteja tão abandonada.