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Praia de Botafogo

Muito tempo atrás eu li um artigo do grande arquiteto e urbanista Paulo Casé, onde ele dizia que o Aterro do Flamengo, apesar de lindo e maravilhoso, afastava o carioca da Baía da Guanabara. Ele tem razão, esta mania de fazer pistas expressas na beira mar é uma idiotice carioca. Do Leme ao Pontal, nossa orla, ao invés de possuir praças, hotéis, restaurantes, espaços bacanas, possui pistas de alta velocidade. Falei do Leme ao Pontal para lembrar Tim Maia, mas podemos dizer que é do Centro ao Pontal, porque o Aterro é a pista de alta velocidade por excelência.

E assim a Praia de Botafogo ficou lá isolada, com poucos acessos, sem salva vidas, sem segurança, apenas um cartão postal. A Praia do Flamengo também, escondida, embora muito maior e mais frequentada.

Eu, todo pimpão na beira d’água. Clarinha.

Muitos vão dizer que são imundas, mas nem são tanto assim e outro dia mesmo, em dias de pandemia, estavam exibindo transparência caribenha e andam repletas de tartarugas. Mereciam um carinho e cuidados melhores da cidade. Certamente é possível melhorá-las.

Antes do Aterro e das pistas, bacana né?

Eu já morei na Praia de Botafogo, era bem pequeno mas tenho a lembrança de andar por lá. Depois, na adolescência, andei jogando umas peladas na areia e só. Tinha quase 40 anos que eu não pisava naquela areia, embora passasse por ali quase todo dia. Joana, minha filha, nunca tinha visto de perto a Praia de Botafogo, resolvi ir lá levá-la e matar esta saudade. Você, já foi na Praia de Botafogo?

Joana curtiu.

4 meses depois de fundar a cidade no Morro Cara de Cão, Estácio de Sá doou as terras que hoje são Botafogo ao amigo Francisco Velho. Este, vendeu suas terras para João Pereira de Souza. Outros já dizem que João Pereira de Souza ganhou estas terras, por ter sido auxiliar de Antônio Salema, Governador Geral. Estas fontes dizem que ele ganhou duas sesmarias, Inhaúma e a de Francisco Velho.

Este nobre português de Elvas, foi o responsável pela artilharia do Galeão Português São João Baptista, o maior navio de guerra de sua época. Era tipo um porta aviões da época, com 366 bocas de fogo, canhões, e que por isso ganhou o apelido de Botafogo. E o seu artilheiro, o mesmo apelido.

Nesta foto dá para ver bem o aterro que foi feito.

Ganhando ou comprando, o que importa é que ele por volta de 1590 era o dono ali da praia, que antes se chamava Praia de Francisco Velho, e depois passou a chamar-se Praia de João de Souza e finalmente Praia de Botafogo.

O Pavilhão Mourisco original, uma pena que tenha sido derrubado. Existem fotos antigas lindas da Praia de Botafogo.

As coisas começaram a mudar com a chegada da Família Real Portuguesa, quando o bairro virou chique.

Desde sempre linda, a Praia de Botafogo é um cartão postal da cidade, poderia ser melhor aproveitada. Foi legal ter ido lá.

A areia podia estar mais limpinha

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo® - www.motozoo.com.br -, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

4 Comentários

  • Osmar

    Melhor local para tirar foto, Pão de Açúcar e atrás Cristo Redentor e o mar lógico, remei muito na Praia de Botafogo, diga-se de passagem que nunca virei com barco mas também nunca vi ninguém se banhar naquelas águas. Mas realmente a pista expressa estragou muito tanto a Praia de Botafogo como a Praia do Flamengo.

  • Maria Inês Barreto da Costa

    Adorei ! Fiquei sabendo a origem do nome Botafogo e como foi feito o aterro. Confesso: frequentei a praia do Flamengo ali perto do obelisco. A paisagem é linda mesmo, nosso cartão postal. Valeu, Mário.

  • Andre

    Excelente… o Aterro foi um mal necessário mas se a cidade fizesse um plano de enterrar as pistas, nem que levasse uma década, seria muito bom (com a devida segurança ostensiva, claro).
    Tenho boas lembranças de brincar no Aterro do Flamengo no período 67-69, principalmente nas “casinhas”, que era uma espécie de labirinto colorido.
    Também gostava de ver os aviões de I-control perto do Monumento aos Pracinhas.
    Em meados da década de 90 levei meus filhos pequenos lá e encontrei uma imundície. Já no século XXI fazia de bicicleta o caminho lindo entre Copacabana e o aeroporto Santos Dumont até que testemunhei um assalto a mão armada umas 10h de manhã de sábado. De que adianta ter uma cidade linda se o cidadão não pode usufruí-la?

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