Igreja de Nossa Senhora da Penna
Meu Deus!!! Que lugar lindo! Mais bonito, muito mais, do que a Igreja da Penha, que também é lindo. Para vocês verem como lá é bonito… Tem-se uma vista de 360 graus de toda a baixada de Jacarepaguá, as montanhas e no fundo o mar da Barra da Tijuca. É simplesmente sensacional.
Eu já previa que seria assim. Tem 60 anos que eu vivo por aqui prometendo que iria lá em cima conhecer a Igreja e ver esta vista. Inúmeras vezes passei por ali, inúmeras vezes reparei na Igreja e inúmeras vezes prometi subir. Hoje, dia quente e nublado, saí para tomar café na padaria e logo depois lembrei da promessa e pensei… por que não hoje? Tem tempo que não posto nada no Olhando a Cidade, é hoje!!!
Saí da Tijuca, peguei a Grajaú-Jacarepaguá e fui pensando… mas que beleza de trânsito… sem saber como subir até lá. Chegando na Freguesia, abri o Google Maps e pedi para ele me levar até lá. Só tem uma subidinha, muito íngreme, em calçamento de pedra original que chacoalha o carro todo. Logo na subida já se dá de cara com a Paróquia e Santuário de Nossa Senhora de Loreto, que eu nunca tinha visto ou ouvir falar, e que vai ficar para outro post. Perseverando na subida de pedra, você passa por uma estação de um plano inclinado que leva fiéis até o topo e rapidamente chega-se até o topo do morro. É bem alto, tem que ser inclinada a subida mesmo, senão não se chega lá.
São poucas as vagas disponíveis, mas dei sorte, achei logo uma e deixei o carro nela. Tudo muito bem cuidado, pintadinho, limpinho, uma lindeza. Finalmente sobe-se uma escada de pedra e vê-se a pequena igreja e todo o visual. É de arrancar o fôlego.
A Igreja pertence a Veneravel Irmandade de Nossa Senhora da Penna, e é tombada pelo decreto IPHAN N° 38/1938.
Fui ler sobre a história da Igreja:
Constam que na hora de recolher o rebanho, o escravo de um abastado fazendeiro da região deu por falta de um animal. Depois de demorada busca e certo de que seria duramente castigado por seu senhor, fez um apelo à Virgem para que o ajudasse naquela situação tão difícil. O escravo então avistou no alto do morro, numa visão esplendorosa de luz, uma senhora, vestida de azul e branco, tendo na cabeça uma coroa, acenando para que ele chegasse até ela.
O escravo partiu em sua direção, mas ao chegar ao lugar ela havia desaparecido, mas lá estava o boi desviado do rebanho. Sabedor do fato, o rico fazendeiro mandou erigir no penhasco uma linda ermida em louvor à Virgem, para perpetuar a lembrança do acontecimento. Todavia, uma versão mais aceitável nos traz Frei Agostiniano de Santa Maria, em seu livro “Santuário Mariano”, de 1773. Diz ele que por volta de 1664, chegando ao lugar vindo de Portugal, o Pe. Manuel de Araújo, devoto fervoroso da Virgem resolveu construir no penhasco, uma Ermida em louvor à Mãe de Deus.
Tudo leva a crer que o bondoso sacerdote, ao construir a Capela no alto do penhasco, teria o pensamento a suntuosa Igreja que, sob o mesmo título, ergue-se em uma penha na cidade portuguesa de Leiria. A Igreja teve dias de pompa e grandeza, mas pouco a pouco foi caindo no esquecimento. Em 1770 estava quase em ruínas.
Neste mesmo ano, apareceu um benfeitor, José Rodrigues de Aragão, que restaurou o templo, embora com grande sacrifício porque não havia água no moro, sendo trazida da várzea em baldes, sobre as cabeças dos escravos. Aqui ocorreu outro milagre da Virgem – os escravos se reuniram e, em preces, imploram que aparecesse uma fonte no morro, tornando menos árduo seu trabalho. Dias depois, em local extremamente enxuto, começou a brotar água entre as pedras. Esta fonte verteu água durante muitos anos.
O benfeitor Aragão, além da restauração interna e externa do Templo, ainda ofereceu alfaias e paramentos, doou terras e outras propriedades, em escritura pública lavrada pelo tabelião Domingos Coelho Brandão, no dia 30 de abril de 1771. O arquivo da Irmandade não possui seu primeiro compromisso, já que vários documentos importantes foram extraviados. Em 1835, foi organizado novo estatuto. Levado ao Imperador para aprovação.
No ano seguinte, foi o compromisso aprovado pelo Regente do Império, Pe. Diogo Antônio Feijó. Tal estatuto regeu a Irmandade até 1943, quando foi reformado, estando em vigor até hoje. Em 1865 foi realizada uma grande reforma na Igreja, pelo benfeitor Antônio Marques de Oliveira. A Igreja está ligada à Paróquia de Nossa Senhora do Loreto.
Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro – Orlindo José de Carvalho– Manual, 2009″
Cheguei bem no meio de uma missa, eu de chinelo havaianas, todo esculhambado. Não me engajei na cerimônia e fiquei rodeando a pequena igreja e tirando fotos dos detalhes externos. Não tenho conhecimentos de história da arquitetura ou arte para comentar criticamente o estilo da construção, apenas posso comentar que a igreja é muito bem cuidada, toda muito limpa, brilhante e arrumada. Parabéns para a Irmandade. Há bastante espaço ao redor e há um relógio de sol bem antigo do lado esquerdo. O sino não é muito grande, mas tem um som bem bonito. São inúmeros os detalhes e documentos expostos lá.
Recomendo muito uma visita. Demorei demais para ir até lá, e brevemente vou de novo, conhecer o Santuário de Nossa Senhora de Loreto e talvez até andar no plano inclinado, se estiver funcionando.
Vejam as fotos que tirei, muito melhor ver no computador, as fotos ficam pequenas no smartphone, espero que gostem. Nossa cidade é linda, principalmente assim do alto… de perto, as vezes é muito feia, mas do alto, de longe, com seus morros, suas florestas, o mar ao fundo, com suas construções históricas, o Rio de Janeiro é sensacional. Esta atração merecia ser mais famosa, se bem que se o fluxo de turistas cresce, não existe estrutura para acolhe-los.