Palácio da Polícia
Semana passada estive no escritório do meu primo e contador Sérgio Salícios. Nem sabia que ele tinha mudado, agora seu escritório é na Henrique Valadares. Aquele pedaço ali melhorou muito com a construção dos prédios do Centro Empresarial Senado. É uma região do Centro que me atraí, pois como já disse antes aqui em posts passados, quando nasci eu fui morar na Rua do Senado. Um pouco mais para frente, a rua muda de nome, vira Rua da Relação e na esquina tem um prédio lindo, o Palácio da Polícia Central.
Estava bem detonado até 2014, quando foi entregue a restauração e hoje está legal. Nem entrei, e estaria fechado, mas ali funciona o Museu da Polícia Civil. Foi tombado pelo INEPAC em 1987.
Projetado pelo então badalado arquiteto Heitor de Mello, foi inaugurado em 1910, como prédio central da polícia da capital do Brasil, dentro de uma intensão de modernizar e embelezar a cidade. Seu estilo é o que os arquitetos chamam de eclético francês, muito chique.
De 1962 até 1975 funcionou ali o Departamento de Ordem Política e Social do Rio de Janeiro, o famoso DOPS, que causa arrepios nos políticos de oposição da época, por conta das denúncias de torturas.
Já o museu tem uma interessante coleção etnográfica , com muitos objetos de cultos afro-brasileiros que foram recolhidos no início do século, quando a lei mandava a polícia acabar com estes tipos de manifestação religiosa. Especialmente do art. 157 da lei penal que reprimia “o espiritismo, a magia e seus sortilégios…”. São 400 peças tombadas pelo IPHAN, tenho que um dia ir lá conhecê-las. Mas não é só isso, o Museu da Polícia tem também um “vasto material relacionado à atuação da polícia em diversas áreas como a Investigação, Criminalística, Medicina Legal, Polícia Política e polícia ostensiva uniformizada. No acervo destacam-se objetos interessantes apreendidos pela polícia entre 1937 e 1945, no Estado Novo, como calçados infantis com desenho da cruz suástica, bandeira e flâmulas nazistas, material de propaganda do Partido Comunista e da Ação Integralista e o mobiliário original do gabinete do Chefe de Polícia, datado de 1910. Existe, também, uma coleção de armas de diversas épocas e objetos relativos à falsificações e toxicologia, além de peças que contam a História da Polícia Civil do Rio de Janeiro, intimamente ligada à História do Brasil e da sua atuação durante uma existência de quatrocentos anos, iniciada com o exercício da polícia judiciária no Rio em 1619.“
Parei a Vespinha na calçada e fiz estas fotos sem saber de nada disso, coisas que eu pesquisei depois. Vou ter que ir lá quando acabar esta loucura, para conhecer melhor.
3 Comentários
Paulo
Que interessante, Mario. Um achado muito bacana. Nossa rica história dependendo de novos arqueólogos como você para desenterrá-la e trazer de volta à luz do conhecimento.
Rosa Amaral
Parabéns, meu primo querido! É sempre um prazer ler e viajar na história da nossa cidade com você!
Maria Inês Barreto
Esse prédio é muito lindo! E quase ninguém percebe. Pena que seu passado lembra os horrores da ditadura.