Bairro São Jorge
Para vocês verem como é possível mudar o nosso jeito de olhar as coisas. Como eu talvez já tenha dito, morei no Bairro da Glória. Um prédio sem garagem e durante um bom tempo eu tinha de que deixar a moto em uma garagem do Catete, e vinha andando até em casa. Lembro que vinha tão chapado que algumas vezes eu passava direto e ia andando até quase a Lapa! Dava raiva ter que voltar.
Neste passo, passei por este trecho da Rua do Catete centenas de vezes. Ali ao lado morava também minha amiga de escola e hoje doutora arquiteta urbanista Rose Compans. E NUNCA reparei no Bairro São Jorge. E se vi, não olhei, não tinha olhos para isso.
Voto na Glória, uma seção tão tranquila que nunca quis mudar. Hoje fui lá votar e tive a notícia de que ela tinha mudado para o Colégio Zaccarias no Catete. No caminho passei pelo Bairro São Jorge. Não entrei, estava trancado, fiz apenas duas fotos.
Segundo minhas pesquisas, o Bairro foi construído pelo Comendador Comendador Alexandre Herculano Rodrigues no início do século XX. E quem foi este Comendador? Segundo Fernanda Paula Sousa Maia em seu Estudo de Caso – Os “Brasileiros” de Torna-Viagem e as Relações Portugal-Brasil na Década de 1930:
“Alexandre Herculano da Câmara Rodrigues foi, como muitos outros homens e mulheres do seu tempo, um emigrante que ainda jovem parte de Lamego com destino ao Brasil, procurando cumprir o sonho de sucesso e enriquecimento… Alexandre Herculano Rodrigues, mesmo antes de partir com destino ao Brasil, pertencia já à nata da sociedade de Lamego. Nascido em Almacave, Lamego, a 2 de Janeiro de 1882, sobrinho do Dr. Manuel da Silva Quintela, professor e reitor do Liceu de Lamego, tornou-se a partir do início da década de 1920, no “grande benemérito da sua terra”, como já então o classificava o jornal A Fraternidade no seu número de 10 de Março de 1923. Mas, foi a partir do momento em que se publicitou o facto de ter sido eleito presidente da Câmara Portuguesa do Comércio e Indústria do Rio de Janeiro que o emigrante Alexandre Rodrigues, agraciado também pelo governo português com a Comenda da Ordem de Cristo…”
Era um milionário português, que fazia doações enormes para a Santa Casa.
Mais curioso do que bonito, eu achei o bairro. Vou dar um jeito de um dia entrar lá para ver mais. São 42 casas e mais de 100 degraus para chegar lá em cima. Tem uma casa a venda na OLX, por 350K, mas as fotos não animam, parece decadente e o branquinho que era para ser do tipo grego, não está rolando.
Não há muita informação na Internet sobre o local, mas achei este link aqui ó, que tem mais fotos e informações. Vale a pena clicar e ler, tem mais informação. Que bom que tem um monte de gente preocupada em olhar a cidade, fotografar e escrever. Sou apenas mais um.
Neste vai e vem entre a Glória e o Catete, bati um monte de fotos de coisas muito interessantes, para próximos textos. Muita coisa para olhar por ali. Quem já passou o ela Rua do Catete e viu o Bairro São Jorge? Clique aqui para ver no Google Street View.
10 Comentários
Adolfo Rosenthal
Nunca tinha ouvido falar, Rio revelando surpresas escondidas e charmosas.
Mario Barreto
E você trabalhou ali do lado, deve ter passado várias vezes na porta.
Claudio Brandao
Muita Coincidência caro amigo.
Tambem morei na Glória, por 20 anos, alias nasci la, na Antiga Beneficiencia Portuguesa. Conheço todos esses lugares….
PS: Tb voto na Gloria, e ainda não transferir pelo mesmo motivo que o seu.
Mário Barreto
Cara, a Beneficência Portuguesa agora é Glória D’Or. Tá completamente renovada, um luxo que até assusta.
Rosa Amaral
Primo, amo seus passeios por nossa cidade. Tenho aprendido muito sobre o Rio de Janeiro tão lindo e abandonado pelo seu povo e por seus governantes.
Obrigada por nos proporcionar esses passeios!
Um beijo no seu coração💟
Mário Barreto
❤️
Paulo de Tarso
Boa tarde
Li seu posto sobre o Bairro São Jorge no Catete, a cor branco em qualquer lugar por causa das folinges, do asfalto e o nossa ar poluído com a fumaça preta do óleo diesel e outros, fazcom que apareça e fique com esse aspecto degradante, mais o local não é decadente, ao contrário, é ótimo, com pessoas maravilhosas e um visual, só dele.
Mário Barreto
Obrigado por seu comentário Paulo. Que bom que o lugar é bacana, ainda bem que eu escrevi que “parece” decadente, e vc me diz que não é!!! Legal, uma pena que eu não conheça o lugar muito bem! Novamente obrigado pelo comentário.
Osmar Martisn
Já havia visto, mas nunca percebi o tamanho por dentro e só imaginando…….100 degraus!!!! e eu reclamando de alguns degraus
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