Rio Trapicheiros
Hoje saí a pé para almoçar na Rua Mariz e Barros e resolvi andar um pouco para olhar a cidade por aqui. Ontem choveu pacas mas hoje o tempo meio que firmou e a temperatura está gostosa, bom de passear. Andando sem rumo, olhando as casas, prédios, vilas, ruazinhas, imaginando a dinâmica e a economia que fizeram um bairro tão multifacetado e diverso como a Tijuca. Parei e fotografei duas coisas hoje, a pequena capela de Nossa Senhora da Conceição do Brasil e o Rio Trapicheiros. Outro dia eu escrevo sobre a capela, hoje vou postar aqui sobre o Rio.
O Rio Trapicheiros é o principal rio de drenagem do bairro da Tijuca. Ele nasce na Floresta da Tijuca, abaixo do Alto do Sumaré e a meia altura da Serra do Sumaré (Serra da Carioca), ao sul da confluência das ruas Uruguai e Conde de Bonfim. Incrivelmente sua nascente é livre, apesar de estar bem perto das comunidades da Formiga e do Salgueiro, protegidas por floresta nativa densa. Ele tem 6.3 quilômetros de extensão e desemboca no Rio Maracanã.
Hoje em dia ele vem canalizado quase que inteirinho, só aparecendo este pedaço que eu fotografei que fica entre a São Francisco Xavier e a Professor Gabizo, e um outro trecho lá depois da Praça da Bandeira, já chegando no Canal do Mangue.
No século XVI, foram constituídos diversos engenhos ao longo do território que hoje é a Tijuca, como por exemplo, o do Engenho Velho, no qual os rios São Francisco Xavier e Maracanã foram desviados pelos padres jesuítas para banhar as fazendas. Neste período, os rios Trapicheiros, Joana, Catumbi e Comprido desaguavam no local denominado Saco de São Diogo.
A canalização começou no século XIX, com a instalação da Família Imperial, no Rio de Janeiro, intervenções de infraestrutura foram realizadas na cidade, inclusive a drenagem do Saco de São Diogo e a execução do Canal do Mangue. Com as obras do Cais do Porto, no início do século XX, o Canal do Mangue foi prolongado até o mar e, com a Reforma Passos, no final daquele século, foram canalizados os rios Trapicheiros, Maracanã e Comprido, nas suas partes mais planas.
Este trechinho que eu andei e fotografei é bem legal. Tem umas árvores bem bonitas e até umas flores, que são plantadas por moradores. Do lado direito da rua Heitor Beltrão, por onde ele passa, temos prédios e umas casas. Do lado esquerdo temos o incrível restaurante italiano Fiorino (que só aceita dinheiro), duas academias, os fundos do novo Assaí (fecharam a porta, não dá para entrar por ali, tem-se que dar a volta) e umas casas meio abandonadas. O lado esquerdo é bem mais caído do que o direito.
Trapicheiro é aquele que administra um trapiche, que por sua vez, é um armazém portuário. Procurei e não achei o motivo preto no branco de chamarem este rio de Trapicheiros. É talvez o rio mais importante da área (temos também o Maracanã e o Rio Joana). As suas margens nasceu a Tijuca com a construção da Igreja de São Francisco Xavier no Engenho Velho dos Jesuítas, e mais em cima suas águas serviram a antiga Fábrica de Chitas, onde hoje é a Rua Desembargador Isidro. Dizem que a presença desta fábrica deu impulso a construção da Praça Saens Pena. Olhando a Cidade!
3 Comentários
Maria Inês Barreto da Costa
Os tijucanos estão tão acostumados com os rios que cruzam o bairro que não percebem sua grandeza e importância. Muito legal, Mário.
Mário Barreto
Achei uma foto minha do trecho do rio lá na Praça da Bandeira. Publiquei aqui ó: https://olhandoacidade.imagina.com.br/ponte-de-ferro-efcb-praca-da-bandeira/
E a foto está aqui: https://i0.wp.com/olhandoacidade.imagina.com.br/wp-content/uploads/2022/05/IMG_2285.jpg?resize=768%2C1024&ssl=1
Geisa Mansur de Mello Goncalves
Meus avós moravam na Gal Roca bem de frente para Praça e o rioTrapicheiro era odivisor dos terrenos da casa deles e outra casa punir hoje é o Itaú personalize
Parte do muro foi substituído por grades poi quando transbordava o muro caia
Hoje ele é aberto no Tijuca Tenis club ema saída do club depois foi todo canalizado