Estátua da Liberdade de Vila Kennedy
Meus amigos, hoje fez um dia lindo! Acordei, vi uma corrida de motos na TV e, aproveitando que eu estou com uma motoca nova para testar (já testei!, leiam aqui), resolvi ir conferir a Estátua a Liberdade de Vila Kennedy. Não sei porque eu a tinha em minha memória e poderia jurar que já tinha passado por lá. Vila Kennedy faz parte de Bangu.
Vila Kennedy foi um projeto realizado pelo Governado Carlos Lacerda, para abrigar desabrigados de suas grandes remoções de favelas da Zona Sul, como as do Pasmado, a do Esqueleto (onde hoje é a UERJ), a do Pinto (que ficava na Lagoa), a de Ramos e de outras que estavam espalhadas pela cidade.
Para ali, na antiga Praça da Liberdade, que fica do ladinho da Avenida Brasil, foi transferida esta estátua. Ela foi uma das três maquetes usadas pelo escultor francês Frederic Augusto Bartholdi, para servir de modelo à execução da grande estátua doada pela França aos Estados Unidos e que está instalada à entrada do porto de Nova Iorque. O Comendador José Pereira da Rocha Paranhos a recebeu do Barão de Rio Branco, de quem era primo. Até a década de 60, ela ficava numa propriedade privada na Avenida Pasteur na Urca, onde hoje fica o prédio do antigo Cine Veneza. O Governo recebeu em doação ou comprou a obra e o governador Carlos Lacerda determinou a sua transferência para a então Praça da Liberdade e que hoje é Praça Miami em Vila Kennedy. Antes de ir para a Vila Kennedy, ela foi restaurada. Calcula-se que ela ficou pronta por volta de 1880 quando Frederic Augusto Bartholdi começou o seu trabalho de criação, por encomenda do governo francês.
Como ela exatamente chegou ao Brasil não é bem esclarecido, parece que foi uma encomenda da família Paranhos. A Fundição Val d’Osne, na França fabricou várias réplicas da estátua. Como muitas se perderam, restaram apenas a brasileira e a de bronze que está nos Jardins do Luxemburgo, em Paris. A nossa é feita de zinco (outras fontes dizem níquel) e recebeu uma segunda restauração em 2014. Foi tombada apenas em 2017 pelo então Prefeito Marcelo Crivella.
A fofoca e bizú dos mais antigos do local é que nesta última restauração trocaram a estátua, e que esta que lá está é uma réplica da réplica. Em um Estado onde rouba-se de forma industrial como o Rio de Janeiro, não duvido de nada e que a original e valiosa, esteja em alguma fazenda no interior do Estado. Como foram parar as vigas da perimetral, por exemplo.
Peguei a Avenida Brasil e acelerei, Bangu é longe. Seguindo a indicação do GPS cheguei em uma feira tipo medieval, muito movimentada, sem lei ou ordem. Carros transitam em todas as direções, não há mão e contra mão. Motos contadas aos milhares passam por cima de tudo em todos, em um trânsito louco onde é possível até que elas venham de cima. Absolutamente ninguém usa capacete, mulheres e crianças transitam alegremente com scooters novos em folha. A frequência é intimidadora e todos estavam me olhando, provavelmente porque eu estava usando capacete.
Procurei, procurei, entrei em algumas ruas, que na verdade são vielas de favela, sem nenhuma manutenção. O local é MUITO feio e MUITO perigoso. Voltei, parei a moto perto do centro da feirinha e aí fui descobrir que eu já estava ao lado da Estátua, que estava coberta pelo movimento.
Primeira decepção, a Estátua é umas 3 vezes menor do que eu imaginava. Ficaria linda em um jardim, mas em uma praça grande como a praça Miami é, ela fica muito pequena. Não estava tão suja, mas a lâmpada da sua tocha está quebrada, sem funcionar, e ao seu redor tem muito lixo.
Para dar uma idéia do perigo do lugar, eu comecei a filmar e logo depois chegou um cidadão local, falando uma língua parecida com o Português. Poderia ser Mirandolês, ou Galego, mas era mesmo Vagabundês, a língua que os vagabundos falam na região. Muito educadamente, mas de forma assertiva, pediu-me e certificou-se de que eu apagasse o filme que fiz, conferindo até se eu apaguei da lixeira do iPhone. Ele me explicou que eu posso filmar à vontade, mas tenho que antes avisar que vou fazer isso, para que os que tem problema com a lei possam sair da filmagem. O caso dele e de uns amigos que estavam vendendo drogas ilícitas naquele momento. Mas fez questão que eu refizesse a filmagem depois que eles se escondessem atrás de uma barraquinha.
Sinistra a experiência como um todo. É um dos locais mais perigosos e movimentados que eu já fui. Não recomendo de nenhuma maneira, em nenhum dia e em nenhum horário ir lá olhar a estátua. É de fato MUITO perigoso.
Na verdade então eu nunca tinha estado ali, era uma peça da minha cabeça. Em minha memória e lembranças a estátua era maior. Espero que vocês gostem das fotos.
3 Comentários
Adolfo Rosenthal
A história da estátua e tua própria aventura (ou desventura) na Vila Kennedy são muito mais interessantes do que a escultura em si.
Paulo Galvao
Sensacional Mario! O que tem de divertida tem de escabrosa. Rio de Janeiro definitivamente não é pra amadores. Forte abraço!
Mário Barreto
Muita sorte do cara que veio falar comigo. Eu estava calmo, imagina se eu estivesse nervoso? kkkkkkkk