Cemitério da Ordem 3ª da Penitência
Hoje não foi um dia feliz, mas também não foi um dia triste. Foi um dia sereno e como fui o primeirão ao chegar no velório de D. Lilia, mãe do meu grande amigo João Mendes, tive tempo para meditar um pouco, olhar um pouco um cemitério que eu nunca tinha entrado.
Ali, no Caju, são vários cemitérios colados, um ao lado do outro. O maior deles é o Cemitério de São Francisco Xavier e depois temos o Cemitério da Ordem Terceira do Carmo, o Cemitério Comunal Israelita do Caju e este que eu fui hoje, o Cemitério da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. O seu nome completo.
Cinco de março de 1875 é a data de fundação do Crematório e Cemitério da Penitência. No início do século XIX, foram construídas catacumbas nos fundos de seu templo, mas logo chegaram a capacidade máxima. Em 1850, com a proibição de enterramentos nas igrejas, os irmãos tiveram a ideia de erguer um campo santo próprio. No dia 10 de junho de 1857, a Irmandade da Ordem Terceira da Penitência solicitou à Santa Casa de Misericórdia a cessão de um terreno de 65 braças, localizado em frente à praia de São Cristóvão. O novo cemitério começou a funcionar em 1º de março de 1858. Os sepultamentos nas catacumbas do morro de Santo Antônio foram encerrados e as sepulturas transferidas para o novo espaço.
Dos 3 cemitérios cristãos ali do Caju, este me pareceu o menor e o mais bem cuidado de todos. Muito tranquilo, muito limpo, com mausoléus arrumados, tudo bem novinho.
Uma igrejinha no centro, antes das salas de velório, bem bonita. Aleias espaçosas, pouco movimento. Ao chegar a igreja estava aberta, mas ao sair, quando fiz as fotos, estava fechada, uma pena.
Graças a Deus a família estava toda conformada. D. Lilia morreu perto de completar seus 91 anos, após meses no hospital convalescendo de infecções diversas, uma luta que ela descansou. Todos temos a certeza de que, como se diz, “partiu desta para melhor”. Sou amigo do João irá fazer 40 anos, e então tem 40 anos que conheci sua mãe. Lembro-me de ficar marcando as viagens para pegar o plantão dela na alfandega do Rio de Janeiro. Pegávamos luz vermelha e tínhamos as bagagens revistadas minuciosamente. Felizmente, D. Lilia nunca achou nada de irregular em nossas bagagens. Ufa!
Me dou bem com cemitérios, gosto de ir em velórios, acho importante estar presente nesta hora. Mas nunca entrei em um cemitério de noite, hehe. Gosto ali, no meio da tarde, fresca, para bater umas fotos e desfrutar do silêncio e reflexões que o ambiente proporciona.
Ao sair do cemitério, fui até lá o fundo do Caju, para conferir a casa da banhos de D. João VI, mas isso é assunto para outro Olhando a Cidade…
7 Comentários
Paulo
Belas imagens, Mario. Meus sentimentos. Como de costume, leitura fácil, rica e interessante.
Márcia Cristina Cavalcante Sant Anna de Souza
Você é um excelente escritor e fotógrafo, parabéns pela simplicidade sucinta da leitura de fácil entendimento e rica na importação da palavras. Parabéns! E meus sentimentos!
MARIA J RODRIGUES
Mais um pedacinho da história do Rio que eu desconhecia.
OSMAR MARTINS
Belas imagens Mario Barreto, um local muito tranquilo e com várias histórias….. Espero visitá-lo daqui a 50 anos.
Maria Inês Barreto da Costa
Essas construções antigas são tão bonitas que nos deixam serenos, tranquilos, ainda que seja num cemitério. Manda um abraço carinhoso pro João.
RosemarySantos
Excelente texto. Denso, profundo. Sua escrita é muito inspiradora.
Nathan Mesquita Steinberger
– Prezados senhores boa tarde venho através deste canal de comunicação relatar um acontecimento nesta data de finados dia 02/11/24. Hoje por volta das 14.30 estive neste local para fazer minhas orações para meus avós, fui direto para administração pedir que fosse aberto o “OSSÁRIO”, onde encontram-se (IDENTIFICADOS) os restos mortais dos meus parentes. Uma funcionária deste setor me informou que este local NÃO PODE RECEBER VISITAS. Falei com a mesma que já estive neste local por diversas vezes e neste dia foi NEGADA minha visita. Sempre quando ia neste local um funcionário do cemitério me acompanhava para abrir e fechar o cadeado. Gostaria de receber por escrito maiores esclarecimentos referente este acontecimento. Obrigado.