Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte
Hoje tive que ir ao Centro do Rio, um lugar ao mesmo tempo lindo e triste. De seu passado colonial temos legados incríveis, ruas estreitas e repletas de belas lembranças de um Rio que foi sensacional. Dos tempos atuais temos a decadência, o abandono, o mal cuidado.
O centro do Rio de Janeiro está vazio. O blém blém dos lindos VLTs passando (vazios também) e as calçadas vazias, um monte de lojas fechadas. Lembro-me do centro fervendo! Desde muito novinho eu ia com a minha mãe na Grant Publicidade, uma ferveção. Hoje, nem medo de assalto dá, ninguém passa perto de você.
Resolvi andar um pouco e vi que bem na esquina da Rua do Rosário com a Rio Branco, tem uma Igreja. Incrível que eu trabalhei ali, onde eu mais o Thomas e o Marcelo escolhemos como primeiro endereço da agência D+, ao lado do McDonalds que fui inúmeras vezes, e NUNCA reparei que tinha ali uma igreja. É preciso olhar a cidade com outros olhos, com olhos procuradores, interessados. Senão, não se vê nada.
E é um arranjo estranho, porque ela é completamente colada em um prédio comercial que hoje está meio abandonado, com somente uma lotérica funcionando. Um belo prédio que antes tinha uma loja da Borelli. Aliás, no curto trecho até a estação do Metrô Carioca eu vi mais 3 lojas Borelli na Rio Branco. Uma potência!!
Está completamente fechada e abandonada. É tombada pelo patrimônio histórico:
“IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte
Localização: Rua do Rosário, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Número do Processo: 25-T-1938
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 19, de 05/05/1938
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.
Descrição: A irmandade da Conceição e Boa Morte resultou da fusão da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição existente outrora na Matriz de São Sebastião no Castelo, e aquela de Nossa Senhora da Assunção e Boa Morte existente no Convento das Carmelitas. O risco da igreja foi feito pelo engenheiro militar Brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim no local onde existira a ermida denominada do “hospício”. Suas obras iniciadas em 1735 se estenderam por longo período. A planta da igreja tem formato de cruz latina, com transepto octogonal coberto por abóbada. Na época da abertura da Avenida Central, a torre-sineira foi sacrificada, e foi alterado tudo o que existe acima da cimalha na fachada atual. O altar-mor datado é revestido com talhas do Mestre Valentim, as capelas do transepto tem talha mais recente, porém seguiram o modelo da primeira. Possui seis altares com trabalhos em talha executada no século passado.
A frontaria, que sofreu várias interferências, conserva ainda uma delicada portada de cantaria, com frontão curvilíneo, datado de 1758, é também de autoria do Mestre Valentim da Fonseca e Silva. No acervo artístico da Irmandade, além de lâmpadas de prata da capela-mor, da prataria do culto, sobressaem as telas notáveis da sacristia, representando a Senhor da Conceição e a Senhora da Boa Morte, atribuídas respectivamente a Raimundo da Costa e Silva e a Leandro Joaquim.
Fonte: Iphan.”
Não pude entrar para ver o seu interior. Achei interessante a idade da igreja, o seu nome – Boa Morte – e o fato de eu nunca ter reparado nela.
Continua assim, os home offices, a expansão da cidade, ainda que tímida no momento, em direção a zona oeste, e teremos uma geração de pessoas que NUNCA irão ao centro da cidade. Prá quê?
Para o carioca nascido e criado da Zona Sul a cidade já é super simples:
Centro->Aterro->Praias->Lagoa->Túnel->Maraca->Aeroporto->Petrópolis.
É tudo o que eles conhecem e precisam. Se tirar o centro ficará mais simples ainda.
E espero que Nossa Senhora da Conceição me dê uma boa morte, seja lá o que isso queira significar. Uma morte sem dor, ou uma morte sem arrependimentos.