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Aldeia Marak’anà

Minha médica disse-me que eu preciso me mexer. Tive consulta esta semana e não tive muitas queixas. Uma delas foram pequenas varizes que estão se formando nas minhas canelas, que receberam a classificação de 1 em uma escala que vai até 5. Disse-me a Doutora Nathany: “você precisa andar. Nossas panturrilhas são como um segundo coração, ajudando a bombear o sangue que tem que subir contra a gravidade e voltar ao nosso coração. Panturrilhas fortalecidas são ótimas para a circulação e irão impedir o avanço dessas suas pequenas varizes”. Comecei hoje!!!! Desci cedo para tomar café e emendei com uma voltinha em passo de “corredor de shopping center” ao redor do Maracanã.

Que dia lindo. Sol, algumas nuvens e temperatura agradável, bem diferente do inferno que estava até uns dias atrás. Fui andando, flanando, olhando tudo e dei de cara com a Aldeia Marak’anà. Eu sempre soube que ali no antigo Museu do Índio tinha um rolo com os índios, mas nunca tinha passado a pé para olhar. E olha que eu passo por esta região tem muitos anos. Estudei no CEFET.

O prédio está em péssimas condições. Ele foi propriedade do Duque de Saxe, Sua Alteza Luis Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, Oficial da Marinha Austro-Húngara, Almirante da Marinha Imperial do Brasil, marido da Princesa Leopoldina, filha do Imperador D. Pedro II. Este cara, lutou na Guerra do Paraguai e quase foi Rei da Grécia, estas histórias incríveis que a realeza apresenta. Dentro de um limite muito estreito, tipo “esse ou aquele”, as princesas se entenderam e Leopoldina escolheu o príncipe alemão com a princesa Isabel escolhendo o Gastão de Orléans, Conde D’Eu.

Apesar de bem perto, não era este prédio o Palácio Leopoldina, onde ele moraria com a Princesa Leopoldina. Este era localizado onde hoje é o CEFET-RJ e foi demolido em 1930. Dizem os registros que o prédio foi doado em 1910 ao Serviço de Proteção aos Índios, órgão federal na época presidido pelo Marechal Rondon. Doado não sei por quem, porque o Duque faleceu em 1907 na cidade checa de Karlsbad. Não devia ser mais dele, provavelmente o imóvel teria sido confiscado pelas autoridades republicanas.

O local é centro de uma série de disputas e controvérsias e desde que o Museu do Índio foi transferido para Botafogo em 1977, uns querem derrubar o prédio que está quase caindo sozinho, e outros querem ocupar o terreno. O pau come com despejos, ocupações, tentativas de tombamento, de destruição, disputas judiciais. Desde 2017 o terreno está novamente ocupado por indígenas, em um tosco acampamento.

Está todo cercado, por uma cerca fechada e alta, não dá muito para olhar lá dentro do que seria a aldeia indígena. Dá mais para ver as ruínas do prédio, que mesmo todo ferrado, mostra que um dia foi muito bonito. É difícil de entender o porque de tanta briga e disputa. O lugar é lindo, bem localizado, gastam-se dinheiro com coisa tão menos importantes, não sei porque não reformam e voltam com o Museu do Índio para o local. Queriam destruir para fazer estacionamento, para abrir espaço, coisas que absolutamente são menos importantes em minha opinião. São poucos índios? São. Tem muito de política na briga? Tem. Mas o que não pode é ficar do jeito que está. Uma pena. Tomara que todos se entendam, que a bela construção seja preservada e reformada, e que os índios guaranis, guajajaras, pataxós, tukanos, fiquem também felizes.

E o Rio de Janeiro é realmente um lugar abençoado por Deus. Qualquer terreno, em qualquer lugar da cidade, se deixado quieto, vira uma florestinha, repleto de vegetação.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo® - www.motozoo.com.br -, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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