Explorando o Pau da Fome
Hoje fui visitar uns amigos em Jacarepaguá. O bairro é enorme, existem vários tipos de Jacarepaguás dentro da enorme Jacarepaguá. Fui para os lados a Colônia Juliano Moreira. Vários são os caminhos possíveis e escolhi ir pelo mais fácil e caro, pela Transolímpica. Caro porque paga-se pedágio.
A Transolímpica, até hoje muito desconhecida do “carioca Zona Sul”, é uma obra sensacional, com grande capacidade para mudar o fluxo da cidade. O caboclo agora pode morar em Sulacap a meia hora da Praia do Recreio, é genial. E o acesso ao Jardim da Saudade, que era um inferno e complicado, agora é uma moleza.
Ao acabar a reunião eu percebi que tinha alguns minutos e resolvi explorar um pouco. Subi a Estrada do Pau da Fome até a entrada e sede do Parque Estadual da Pedra Branca. Fui além e tentei subir mais, mas me perdi e acabei chegando em uma chácara. A região é muito roça, é muito linda, com muitas pedras, morros, montanhas e vegetação. Ali, naquele ponto, o outro lado do morro é Realengo.
O Professor Val Costa, membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá ensina: “A primeira versão para o exótico nome da localidade vem do hábito que alguns tropeiros tinham de fazer refeições embaixo de uma figueira. Costumavam dizer durantes os almoços: “Estamos no pau da fome“. Os tropeiros eram condutores das tropas de cavalos ou mulas que atravessavam imensas áreas transportando gado e mercadorias.
A segunda versão envolve uma das principais personalidades da região: Francisco Pinto da Fonseca Telles, o Barão da Taquara. Francisco Telles nasceu em 25 de outubro de 1839, na Fazenda da Taquara. Ele realizou diversos arruamentos em Jacarepaguá, fundou a primeira escola da região e participou de várias obras sociais, sendo considerado o “Patriarca de Jacarepaguá”. O Barão gostava muito de caçar nas encostas do Maciço da Pedra Branca.
Nessas caçadas, os participantes deixavam a comida perto do tronco de uma imensa figueira Mata-Pau, que até hoje existe dentro do Parque Estadual da Pedra Branca. Na hora do almoço, os caçadores apontavam para a árvore e gritavam: “Lá está o pau da fome”.
Dei de cara com este Chafariz e fui consultar a Professora Vera Dias, que tem tudo catalogado:
Nome: Chafariz Outono
Data de Inauguração: Ago/1923
Autor: Mathurin Moreau
Fundição/Atelier: Val d’Osne
Propriedade: Pública
Descrição:
O chafariz em ferro fundido foi doado pelo Barão da Taquara para o embelezamento da localidade e o abastecimento dos animais que por ali passavam. Um pedestal quadrangular, tendo em cada face uma carranca que verte água numa bacia em semicírculo, serve de pedestal a uma graciosa estátua masculina, representando a estação.
No Largo da Capela, temos a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Está pintadinha e bem cuidada, mas ao mesmo tempo parece abandonada, pois estava toda fechada e não tem nenhuma plaquinha dizendo seu nome ou com maiores informações.
Muitos anos atrás eu andava por ali fazendo trilhas de moto no Nariz da Velha, antes do Projac. E alguns anos atrás eu estive na Colônia Juliano Moreira para estudar um resto de aqueduto que tem por lá.
Não sei se é perigoso andar por ali. Não parece. Depois de minha aventura em Vila Kennedy, tou achando tudo super seguro. É uma região diferente, que mistura paisagens incríveis, condomínios bacanas ao lado de roças e casinhas bem humildes. E agora com a Transolímpica, tudo com fácil acesso.
Vou voltar lá, para descobrir a trilha de moto certa ao lado do Parque, e também para caminhar e conhecer o Parque da Pedra Branca, que nunca entrei por este lado.
Um comentário
Maria Inês Barreto da Costa
Que lugar lindo! Não faço ideia de onde é, mas é lindo. E, também, ainda não conheci a transolímpica. Preciso planejar melhor minhas próximas férias no Rio.