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Portão do Parque Guinle

E a minha alegria quando descobri que o portão do Parque Guinle foi restaurado para a sua antiga glória? Ele é lindo, merecia este carinho.

2 Leões!

O Parque Guinle é todo ele cheio de história. Foi construído em uma área que fazia parte do palacete dos Guinle, que hoje é o Palácio Laranjeiras, residência oficial do Governador do Estado. Esta área, localizada no sopé do Morro Nova Cintra, formando um valezinho, foi desmembrada nos anos 40 e ali foram construídos 3 prédios projetados por Lucio Costa entre 1948 e 1954. O projeto inicial era para 6 prédios. O jardim, inicialmente desenhado por Gérard Cochet, foi redesenhado por Roberto Burle Marx. Dizem que foi o primeiro conjunto de prédios de apartamentos criado para a elite carioca. Não falta pedigree para isso. Tive dois amigos que moraram ali, Marcelo Gianinni e Ennio Torresan

Já restaurado, em sua glória. No topo EG, de Eduardo Guinle.

Em minhas pesquisas descobri que o portão só foi montado e utilizado quando da construção dos prédios, como vemos em bilhete conservado pelo Instituto Antonio Carlos Jobim:

“III.C.04-  sobre o portão do Parque Guinle

(informações transmitidas verbalmente a Maria Elisa. E anotadas na ocasião)

O portão que foi finalmente colocado na entrada do Parque era um portão encomendado pelo Eduardo Guinle e que estava encaixotado há muitos anos, e o Cesar lembrou-se desse material encaixotado, e era esse portão; era oportuno aproveitá-lo – resolveu colocar o portão solto, apenas marcando a entrada do parque – e assim ficou.”

Interessante não é? Um portão valioso e lindo destes, encaixotado durante anos. Os Guinle eram de fato muito ricos.

Tombado nos âmbitos federal, estadual e municipal, foi reformado pelo projeto Revitaliza Rio.

Leão Alado

Fundido em Paris na Schwartz & Meurer, foi comprado em 1911 por Eduardo Guinle. As estátuas de leões alados são obra da Val D’Osne. Já as esfinges com anjos de bronze em cima, são reproduções de uma obra de Louis Lerambert, existentes no Jardim de Versailles. É muito luxo né não?

Antes, com o mármore sujo e a estátua enegrecida.
Depois, com tudo nos trinques. Incrível a diferença.

Adorei a história toda, não sabia sobre o Revitaliza Rio, não sabia nada sobre o portão, só o achava lindo, mesmo todo ruim, imagine agora com ele brilhando? Resta saber quanto tempo vai durar este brilho todo. Chamando atenção assim, bem capaz de roubarem. Inclusive deu treta este caso, pois após a restauração mandaram pintar de cinza, para dar uma “apagada”, mas mandaram tirar.

Leiam a denúncia ao Ministério Público do Rio (nº 730504), pedindo reparações. “O restauro foi feito corretamente, trazendo a beleza do original. Entretanto, supostamente por ordem do Instituto Pereira Passos, os acabamentos em bronze foram cobertos por tinta cinza, descaracterizando o bem tombado, escondendo os detalhes sublimes que deveriam estar aparentes. Comenta-se no bairro que o objetivo seria criar uma espécie de camuflagem para impedir o vandalismo. Tal postura do poder público municipal revela-se absurda e tosca, uma vez que o objetivo da restauração é preservar e trazer à tona a exuberância do original, não havendo sentido em fazer isso para depois esconder. Se há risco de vandalismo, o mesmo deve ser prevenido com sistemas de segurança e vigilância.”

Sei não. Estão todos certos, o mundo é que está errado. Meu sentimento é de que vão vandalizar e roubar.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo® - www.motozoo.com.br -, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

8 Comentários

  • Andre

    O meu padrinho, com quem só tive contato nos primeiros 7 anos de vida, morava perto, e tenho lembranças muito boas do Parque Guinle. Faz parte do quê eu me lembro da primeira infância, junto com as casinhas do Aterro, o Parque da Cidade na Gávea e o Alto da Boa Vista, em uma época em que as famílias do Rio fugiam do calor para fazer piqueniques à noite nos parques mais altos, embalados por vitrolas a pilha e muito Beatles e Roberto Carlos.

  • Lucia Martins

    Lindo lugar o Parque Guinle. Eu nasci e morei em Botafogo até os 7 anos e meu lugar de brincar preferido era o parquinho nos jardins da Casa dos Guinle, hj Casa Firjan, que eram abertos para o público… ótimas lembranças de infância!

  • João Mendes

    A minha turma pré adolescente pegava uns pedaços de papelão pra sentar em cima e descer no gramado do Parque Guinle que tinha ótima inclinação pra isso. Tobogã de pobre no final da década de 1960.

  • Maria Inês Barreto da Costa

    Nossa! Sempre foi lindo, mas agora tá maravilhoso! Não fui frequentadora do parque, mas sempre achei uma delícia de lugar. É uma pena ter que pensar que podem destruir essa beleza…
    Tô adorando esse passeio virtual, com um guia de primeira.

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